Entenda o que é o Inpe e a sua importância para proteger a Amazônia

O INPE É UM CENTRO DE PESQUISA NACIONAL EM ÁREAS COMO ENGENHARIA ESPACIAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (FOTO: DIVULGAÇÃO/INPE)


O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi destaque no noticiário dos últimos dias— e não para trazer novos dados sobre o desmatamento, o clima ou inovações para a pesquisa aeroespacial. Em declarações, o presidente Jair Bolsonaro questiona o valor dos estudos divulgados pelo Inpe que analisam o aumento do desmatamento na Amazônia.

Na última sexta-feira (19), o presidente disse que suspeitava que o diretor do instituto, Ricardo Galvão, estaria “a serviço de alguma ONG”. Galvão rebateu as declarações, fazendo crescer a tensão entre o governo federal e a instituição. 


Mas, afinal, o que faz o Inpe? 

Bom, como o próprio nome indica, ele é um centro nacional de pesquisas. Mas, ao contrário do que pode parecer, não são realizados apenas estudos sobre o espaço. Também são conduzidas pesquisas sobre meteorologia, mudanças climáticas, além de monitoramentos constantes do desmatamento amazônico.

O instituto existe desde 1961, quando o presidente Jânio Quadros criou o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE). A ideia era investir em pesquisas e tecnologia para que o Brasil participasse da corrida espacial — assim como já faziam, na época, Estados Unidos e União Soviética.

O GOCNAE foi o embrião do Inpe, que só ganhou a nomenclatura atual dez anos depois, em 1971. E muita coisa mudou de lá para cá: as atividades do instituto se ampliaram para além das questões relacionadas ao espaço. Atualmente, o instituto tem instalações em 12 cidades de todas as regiões do país, mas sua sede é a mesma desde o começo, em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

O instituto pertence a alguma ONG?
O Inpe não é administrado por ONGs. Ricardo Galvão, atual diretor, é engenheiro de telecomunicações e foi nomeado para o cargo em 2016, pelo então ministro Gilberto Kassab, da pasta de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Galvão tem mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Ele é membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e do Conselho da Sociedade Europeia de Física. Também é livre-docente em Física Experimental pela Universidade de São Paulo (USP).


Como são feitos os monitoramentos ambientais?

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS )

O Inpe utiliza três sistemas para mapear e acompanhar o desmatamento: o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES), o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) e o sistema de mapeamento do uso e ocupação da terra após o desmatamento, o TerraClass.

Desde 1988, o PRODES realiza o inventário de perda de floresta a partir de imagens geradas por um satélite de observação da Terra. Com informações desse inventário, são calculadas as taxas de desmatamento entre agosto e julho de cada ano. Todo mês de dezembro, o Inpe publica uma estimativa da taxa de desmatamento dos últimos doze meses. 


O DETER, por sua vez, é um sistema de apoio à fiscalização e ao controle do desmatamento na Amazônia. O software produz diariamente alertas de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) recebe esses alertas na mesma hora em que são emitidos.

Já o TerraClass é feito a cada dois anos e é uma parceria entre o Inpe e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O objetivo é mapear como as áreas desmatadas apontadas pelo PRODES estão sendo usadas: se para agricultura ou pastagem, por exemplo. Segundo a assessoria de imprensa do instituto, a qualidade dos dados sobre desmatamento é monitorada com frequência. “Atualmente, os dados apresentam índice superior a 95% de precisão”.

Sobre transparência, o Inpe assegura que todos os dados aferidos pelos sistemas de monitoramento podem ser acessados na íntegra (visite o site do instituto). “Este acesso possibilita avaliações independentes pela comunidade usuária, incluindo o governo em suas várias instâncias”, declara o instituto, em nota enviada à reportagem da GALILEU.

FONTE: Galileu